Elaborada pelo Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, juntamente com Comissão Arquidiocesana de Fé e Política, o breve texto conta com 10 tópicos de instruções aos fiéis, recordando-os de seus deveres – como verificar se o candidato tem ficha limpa, nunca vender voto, estar comprometido com esta missão de votar, dentre outros – e orientando ações práticas. Assim, auxilia o povo no processo de tomada de decisão. Confira a mensagem na íntegra:
A Arquidiocese de Juiz de Fora, consciente de sua responsabilidade social, deseja oferecer ao Povo de Deus presente nas 37 cidades que compõem seu território, algumas indicações práticas em vista das próximas eleições municipais, a fim de que o eleitor possa agir com liberdade e escolher com responsabilidade os seus candidatos.
A Bíblia e a Doutrina Social da Igreja nos mostram que o compromisso político é uma das formas de realizarmos nosso dever cristão de servir ao próximo (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 565).
À luz da Encíclica Fratelli Tutti, recentemente publicada pelo Papa Francisco, que a todos convida à fraternidade social, e no contexto da atual situação pandêmica da Covid-19, com sérios desafios para a população, a Comissão Arquidiocesana de Fé e Política, presidida pelo Arcebispo, constituída de Padres e Leigos (as), em reunião realizada na Cúria Metropolitana, no dia 14 de outubro corrente, convida a todos para considerar, com particular atenção, os seguintes pontos práticos:
1 – Mesmo em situação da pandemia, tomando os devidos cuidados, ninguém deve deixar de votar, exercendo assim sua importante responsabilidade cívica.
2 – Ninguém deve anular seu voto e nunca aceitar doações em dinheiro, ou em bens materiais, ou qualquer outro benefício de candidatos em troca do voto. Quem vende seu voto, vende sua dignidade.
3 – O eleitor católico defende a vida e a família. Ao dar seu voto, deve informar-se a respeito da postura de seu candidato, se uma vez eleito ele vai defender a vida humana desde a fecundação até o seu fim natural, isto é, se ele vai lutar contra toda forma de aborto e de eutanásia, e contra toda forma de desintegração da família. Verifique se o candidato (a) apoia explícita ou implicitamente ideologia de gênero. Se isso se verificar, não lhe dê o voto.
4 – O eleitor deve informar-se a respeito do desempenho político de seu candidato, se ele tem ficha limpa, se nunca se envolveu com corrupção política ou qualquer outra. Em caso de dúvida, procure um candidato mais idôneo para votar.
5 – O eleitor deve votar apenas em candidatos que vão se empenhar para que todas as pessoas tenham vida digna, sem discriminação de raça, religião ou situação social; que tenham educação adequada, assistência à saúde, proteção
contra a violência e liberdade de ir e vir, direito ao trabalho digno e lutem para resolver o problema do desemprego.
6 – O eleitor deve sentir-se comprometido em acompanhar pela televisão e por outras formas a propaganda eleitoral, a fim de conhecer os candidatos e ter, assim, melhores condições na escolha. Porém, não deve confiar apenas na propaganda do candidato.
7 – O eleitor católico não deve confiar o voto a candidatos que revelem atitudes proselitistas e preconceituosas contra qualquer religião ou que, sendo eleitos, possam prejudicar à Igreja Católica.
8 – O eleitor deve avaliar a postura ética e as realizações feitas pelo candidato em ocasiões antecedentes. Se ele foi inoperante ou oportunista, se ele não tem projetos sociais abrangentes, não deve confiar-lhe o voto.
9 – Ao receber mensagens pelo WhatsApp, verifique se não são fake news, mentiras que parecem verdade.
10 – Não aja por paixão partidária ou ideológica, mas tenha sua consciência diante de Deus para lutar por um mundo onde prevaleça o bem de todos, a liberdade religiosa seja respeitada e a sociedade lute para o bem material, moral e espiritual de todos. Uma sociedade sem Deus está fadada a ser injusta.
Votar precisa ser uma atitude madura e construtiva. Peçamos a Deus a graça da sabedoria e da iluminação em nossas escolhas, pois para quem tem fé, nada deve ser feito sem a sinceridade da oração e da confiança em Deus.
Ajude-nos a exortação da Carta aos Hebreus que diz: “Que o mesmo Deus vos torne aptos para todo bem, a fim de fazerdes a sua vontade. Que Ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória
pelos séculos dos séculos. Amém!” (Hb 13, 21).
Invoco as bênçãos de Deus sobre aos eleitores e os candidatos para que as eleições resultem em tempos melhores para todos.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora